quinta-feira, 14 de julho de 2011

Primavera em Julho nº 3



Queridos leitores!
Nosso Almanaque, em julho, continua florido.
Neste número, vamos inaugurar as postagens dos CONTOS COLETIVOS PRIMAVERA EM SAMPA, ano de 2010, escritos pelos associados da AEILIJ regional de São Paulo. Os trechos a seguir são de autoria de Marciano Vasques e Nilza Azzi.
Um grande abraço a todos,
Regina Sormani



I-
PRIMAVERA EM SAMPA - 2 - 2010
— Nas pernas dói mais!—dizia a mulher enquanto batia com a espada de São Jorge no menino. Os comentários percorreram a favela num impressionante feixe de vozes: “A comadre fulana de tal está batendo outra vez no menino Zica". À tarde se estendia muito além. Passava pelo "MC Favela", a casa de almoço, lanches e marmitex da Dona Preta, a mulher mais respeitada do lugar: uma loura que começou a vender comida caseira e lanches desde a morte do marido. Quem se atreveu a seguir aquela tarde ficou abismado com a sinceridade da primavera que feito trepadeira de sonhares, risos e prantos alagados e mastigados de meninas sem amparo, atingiu os paralelepípedos das ladeiras da Penha. Na escassez de flores grudou nas pessoas com tal insistência, que muitos até se esqueceram de suas dores. Entre pipas adornando os azuis, uma menina caminhou sem rumo e adentrou a tarde. Subiu a "Rua das Noivas", desceu a Padre Olivetanos, e vagou sem rumo, ornando com a sua passagem as ruas da Vila Esperança. Sem que alguém pudesse ter olhos de reparar, a pequena seguiu em frente, às vezes parava alguém e fazia perguntas desconexas, tipo: "Você sabe onde está a poesia?”, depois corria na gargalhada. Fez assim com um vendedor de churros. Uma menina é sempre uma menina. O ser mais puro, assim falou alguém. Mas a menina sobre a qual falamos tem alguns segredos. Sua idade? Poderíamos dar uns doze anos. Veja que ela está no metrô, em direção à cidade. Em pouco tempo vaga na plataforma da estação Anhangabaú. Segue um trecho da Xavier de Toledo e em poucos minutos está sentada na escada do Theatro Municipal...(Marciano Vasques).
Alguns sons escapavam pelos vãos dos vidros e das portas, pelas juntas rente ao piso. Eram algumas notas teimosas e rebeldes que não queriam esperar pelo dia da estreia. Dançaram ao redor daqueles doze anos com esperança de, quem sabe, achar a passagem de entrada até seu coração. Se conseguiram só o tempo irá dizer...
Embebida daqueles sonhos, um instante indecisa, toma a direção da Praça da Sé onde algumas espécies já florescem sem pedir licença e nem sabem dos olhares dos passantes, mas recebem um sorriso de meninas gentis. Naquele mundo, o colorido do sonho artificial toma conta de seus olhos. Por entre as barracas de camelôs e as árvores de cimento, indiferentes ao que cresce aos seus pés, segue na direção da 25 de Março.
Gruda os olhos nas vitrines, enche os ouvidos de gritos, perde-se na infinidade de apelos. Experimenta uma coisa aqui outra ali, mas logo é olhada com desconfiança.
— Vai levar?
Só então percebe que tem fome. (Nilza Azzi).



(continua no próximo número) Reg, BN

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Nilza Aparecida Hoehne Rigo nasceu em São Paulo, SP. Atualmente reside em Campinas. Assina seus trabalhos como Nilza Azzi. É graduada em Letras pela USP. Educadora, escritora e poeta participou de várias antologias da Editora Komedi e das antologias Universo Paulistano da Editora Andross, Quinze Poetas Para Todas as Crianças da Editora Novitas, Letras Letrinhas e Letronas da Editora Edicon e Balões Coloridos da Via literária Editora. Faz parte do quadro de associados da AEILIJ desde 2010. É membro da Academia Campineira de Letras e Artes, onde ocupa a cadeira de número trinta e dois, de João Gurgel Jr. Publicações recentes: Tempo-Será – 2008; Amigos do Sol e da Lua – 2009; Gato Pipoca – 2010; O banho da Terra – 2011. Contato com a autora:nilzaazzi@gmail.com




Autor de 27 livros, Marciano Vasques escreve crônicas em jornais, realiza oficinas para professores, e divulga poetas e escritores. Fundou a revista PALAVRA FIANDEIRA, e o blog “Casa Azul da Literatura”. Seu mais recente livro é “Contos de Éramos". Contato: marcianovasques@gmail.com


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II
Série - CIDADES


Aniversário de Agudos, um lugar para se viver.
Agudos, pequena e simpática cidade do interior do estado de São Paulo, a 320 km da capital, fica próxima de Bauru e Lençóis Paulista e completa 113 anos no dia 27 de julho.

O Bairro São Paulo dos Agudos foi elevado à categoria de freguesia em 1897 e pela lei 543, de 27 de julho de 1898 foi elevado à vila. Em dezembro de 1905, o nome da cidade foi simplificado para Agudos.
O jovem prefeito de Agudos tem 25 anos e chama-se Everton Octaviani. A cidade tem cerca de 35 mil habitantes, agradável clima serrano, matas, cachoeiras, destacando-se dia a dia no segmento do turismo ecológico. Quem visita Agudos se surpreende com a beleza das antigas fazendas de café e dos prédios históricos. A cidade é forte no turismo rural. Uma dica é conhecer a fazenda São Benedito fazenda HU, fazenda Serrana, ou fazer uma pescaria no pesqueiro Peixe Loko. Um destaque, sem dúvida, é o Seminário franciscano Santo Antônio, orgulho dos agudenses. A cidade é hospitaleira e possui  bons hotéis. O restaurante do Agudos Palace Hotel oferece refeições gostosas, a preço justo. Vale dar uma chegada no Quero Quero ou na Pizzaria Cheiro Verde como também experimentar as delícias do Paladar Pastel. Em Agudos, as empresas empregadoras são a Duratex e a Duraflora (madeira) e a Ambev (cerveja)
São cidadãos agudenses: o cantor lírico Carmo Barbosa, barítono de projeção internacional (veja e ouça no vídeo abaixo) e a escritora Regina Sormani. Carmo e Regina são primos, filhos das irmãs Hilda e Marina, da família Andreotti.
Parabéns, Agudos!

Brasão
Bandeira

Prefeitura
Prefeito


Seminário

Antiga estação Sorocabana

Cinema
AMBEV




Carmo Barbosa- barítono


(Matéria enviada por Thelma Travaini)


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III

História 

Rospo e a chuva


Rospo está na casa da amiga Sapabela quando a chuva começa.
— Vou fazer pipoca e assistir à televisão.
—Boa idéia, Bela!
—Que entusiasmo é esse, Rospo? E o seu compromisso? Pipoca e tevê só pra mim, que não tenho nada na agenda.
—Por acaso já olhou lá fora, amiga?
— Sim, está chovendo. E daí?
— Você quer que eu saia na chuva?
—Eu não. O seu compromisso é quem quer. Aproveito para ensinar uma coisa...
—Pronto. Filosofia em dia chuvoso.
—A chuva organiza o sucesso. Ela e o frio são os responsáveis e às vezes até determinam o êxito na vida de alguém.
—Clima e sucesso. Só você, Sapabela.
—Verdade! Alguém que não cumpre um compromisso por causa da chuva e adia uma decisão, não será vitorioso completo.
—Está bem. Mas, você não pode me dar pelo menos um pouco de pipoca?
—Aceita primeiro um guarda-chuva?

texto: Marciano Vasques
ilustração: Daniela Vasques


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IV

Trovas  e Trovadores


Esta seção pretende ser um veículo para a divulgação da arte  de fazer trovas e dos trovadores iniciantes. Define-se trova como um poema de quatro versos setessilábicos, com rima e sentido completo, contadas pelo som. O primeiro verso deverá rimar com o terceiro e o segundo deverá rimar com o quarto.  A ideia do criador da trova deve estar contida nesses quatro versos. A palavra trovismo foi criada pelo poeta J G de Araújo Jorge e o escritor Eno Teodoro Wanke publicou o livro TROVISMO, onde narra o desenrolar do movimento a partir de 1950. Em 1980, Clério José Borges criou o Clube dos Trovadores Capixabas. Em São Paulo, Domitilla Beltrame é a presidente estadual da União Brasileira dos Trovadores.

Trovas com o tema AMIZADE criadas por associados da AEILIJ


Leal,verdadeira, pura
Procurei nesses caminhos.
Da nossa literatura
Amizade, não espinhos.


autor: Marciano Vasques ( foto e dados acima em Primavera em Sampa2)




Quão agradável perfume
Exala uma simples rosa!
Amizade é o que reúne:
- È jóia, é coisa valiosa!


autora: Nilza Azzi ( foto e dados acima em Primavera em Sampa2 )







Amigos, muitos, nós temos,
nem sempre com A maíusculo...
Melhor ter amor de menos
que amizades minúsculas!





autora: Angela Leite de Souza nasceu e vive em Belo Horizonte, com o marido e os três filhos. Hoje com 50 livros publicados, sua primeira incursão literária foi um poema. E a poética continua sendo sua forma de expressão predileta. O haicai é o gênero que mais tem praticado. Quanto à trova, esta é sua estreia.




Bela palavra a AMIZADE!
Tão gostosa de se ouvir.
Mas, amigos de verdade,
Difícil é conseguir.



autora: Regina Sormani é agudense. Compositora, escreve livros de poesias infantis. Mora na capital, é casada com o ilustrador Marchi e tem dois filhos.
 contato: resormani@gmail.com


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V

QUEM CONTA UM CONTO...

 Saia justa


Meu pai, senhor Hércules Sormani, seu Lano para os amigos em geral, foi, certa vez convidado para um almoço numa fazenda que ficava no distrito de Paulistânia, hoje município, próximo à cidade de Agudos.
E lá foi ele, em companhia de um amigo, dirigindo seu pequeno caminhão pelas estradas de terra. Naquela época, o asfalto ainda não havia chegado por aquelas bandas.
Pra quem não sabe, lá no interior, quem é convidado pelo dono da fazenda para um almoço, pode se preparar pra comer bem...e muito. A mesa é farta, a bebida é de qualidade, a companhia é agradável. A música, lá no fundo é a dos violeiros da região.Todos esses fatores conspiram para que o convidado se empanturre, porque senão corre o risco de aborrecer o anfitrião. Bem, depois de comer e beber, beber e comer, enquanto o companheiro de viagem ficou à mesa, proseando, seu Lano resolveu “esticar as pernas” e anunciou que iria dar um passeio pelas redondezas.
— Não vá muito longe— avisou o fazendeiro— daqui a pouco vamos servir o lanche da tarde!
Seu Lano foi caminhando, admirando a natureza, ouvindo os pássaros e aos poucos  se distanciou da casa da fazenda. O sol do início da tarde queimava  no lombo e ele olhou ao redor procurando onde se abrigar. Viu, a poucos metros uma bela jaqueira já com os  frutos despontando e para lá se dirigiu. Sentia-se sonolento pela caminhada e pelo excesso de comida. Notou que ao redor da árvore havia cinco pedras de formato arredondado, faiscando ao sol.  Debaixo da jaqueira havia uma boa sombra e ele se sentou no chão, encostando-se no tronco da árvore. Fechou os olhos e tirou uma deliciosa soneca. Meia hora depois, despertou, incomodado por um ruído semelhante ao som de um guizo.
— Nossa!  Isso tá parecendo é guizo de cobra cascavel.— falou consigo mesmo,  preocupado. Olhou em volta e percebeu que algumas das tais pedras redondas haviam mudado de lugar, chegando mais perto dele.  Firmando a vista, já livre do sono, viu, claramente, que havia dormido em companhia de cinco cascavéis  Quem sabe, elas também tinham exagerado no almoço e estavam  lá, descansando para fazer a digestão.
Com as pernas trêmulas, seu Lano criou coragem e se levantou, lentamente pra não acordar as cascavéis. Não é preciso dizer que ele chegou, afobado e atordoado à casa do fazendeiro. Bem que tentou contar o acontecido, mas, ninguém quis acreditar e ainda caçoaram dele à moda caipira:
— Conta ôtra, cumpadi! Essa foi demais da conta!


Regina Sormani


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VI


Recantos de Sampa


PARQUE TRIANON


Muito apreciado pelos paulistanos e visitantes, o Parque Trianon (Tenente Siqueira Campos) com uma área de mais de 48.000 m² é uma reserva de mata atlântica, uma verdadeira ilha urbana. Está localizado em frente ao Masp ,na avenida Paulista e chega-se lá de metrô, descendo na estação Masp-Trianon. O parque foi aberto ao público em abril de1892 na época da inauguração da avenida Paulista. O projetista  do parque foi o francês André Villon e o nome Trianon deve-se a um clube que na época existia no espaço que hoje abriga o Masp. Lá, pode-se apreciar árvores magníficas como o cedro, pau-ferro, sapopemba, jatobá, jequitibá e muitas outras. As aves, tais como o sabiá-laranjeira, o joão-de-barro, rolinhas, bem-te-vis, sanhaços, encontram no parque abrigo natural e muito espaço. Para os pequenos frequentadores há um belo playground e para os adultos, é possível fazer caminhadas e utilizar aparelhos de ginástica.






 Caminho

 Coletor
Caminho2

Demarcação de percursos


 Sapucaia
Pau ferro


Play ground
Fauno de Victor Brecheret




(fotos de Gilberto Marchi)


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VII

ARTE
BUSTO DE FRANCISCO MARINS

                                    






Esta obra foi esculpida sob encomenda do escritor Francisco Marins. Gilberto Marchi, executou o trabalho em madeira TIPUANA de cor branco-amarelada, semi-dura. O artista utiliza madeiras que seriam descartadas pela equipe de poda de árvores da prefeitura, respeitando, dessa forma o apelo ecológico da reciclagem natural. Nesse caso, uma galho de madeira de lei que iria parar num lixão qualquer, transforma-se numa obra de arte.


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VIII


Seção retrô - foto

Na bela foto antiga está posando  o escritor Marciano Vasques, aos três anos de idade.